sábado, 24 de dezembro de 2011

O Natal dos Mortos Vivos

Hoje acordei e pensei que seria um dia normal. Estava bêbado há alguns dias, desde que entrei de férias. É, com umas horas de folga, a gente faz cada coisa. Parece que hoje o dia pede sorrisos, certo? Envolve um deus ou um Deus. Seria mesmo isso? É esse o dia?

Bom, do que eu tava falando mesmo? Ah, o dia de hoje. É uma festa, não é? Mas não tem ninguém em casa, estranho. Em algum momento eu era uma criança, brincava debaixo de luzes coloridas e caixas bem embrulhadas. Quando foi isso? Quantas perguntas!

Acho que vou ficar em casa mesmo. Será que posso ligar para alguém? Ah, não. Hoje é dia de família. Eu tinha uma família também. Não lembro quando, foi por esses tempos. Isso, duas filhas! Clara e Luisa. Tenho o número delas por aqui... Ai, elas se casaram, não são mais pequenas. 

Colegas de trabalho. Isso, o João parece um cara receptivo. "Boas festas, meu amigo!", eu poderia ligar. Mas João não é meu amigo. Acho que ele não trabalha mais na empresa. Eu ainda tô bêbado, eu sei. Não se deve ligar para ninguém, nesse estado.

Aquela menina que conheci... Ai, ela é casada. O que há de errado comigo? Onde estão as luzes que me faziam amar esse dia? Liguei a televisão e tudo o que vejo é uma mulher matando um pobre animal e crianças se prostituindo. O mundo tá perdido!

O rádio não pega direito aqui em casa. Vou ouvir um dos meus vinis. Tim Maia, Chico Buarque, Adriana... Esse pessoal tá é melhor do que eu! Vou comer alguma coisa, acho melhor.

Olha isso! Só tem whisky na prateleira e na geladeira tem iogurte. Vou ficar com o whisky. Aaargh, esse é muito forte. Melhor assim. Depois durmo um pouco. Ninguém vai sentir minha falta mesmo. Existe a possibilidade de alguém estar morto e continuar andando, bebendo, falando? Acho que não, certo?

Vou dormir agora. Talvez amanhã as luzes voltem.

sábado, 3 de dezembro de 2011

A Pergunta Que Não Pode Ser Calada

"O que é Filosofia?".
Essa pergunta causou um frenesi!
Quase impetuosa e vaga, a pergunta levantou várias ofensas e citações. Nenhuma resposta!

Eu estava observando o grupo "Filosofia UFRRJ". Não quero provar nada e nem pontuar quem está certo ou errado. Não, longe disso! Mas, meus colegas, aprendi uma coisa, depois de quatro períodos na companhia de pensadores: somos o que queremos ser, não o que é totalmente indicado, não o certo ou o errado. Somos aquilo que queremos, com um pouco de tempero dos que nos cercam.

Quando digo "pensadores", não estou falando somente daqueles que estudamos e estamos em constante contato de forma impessoal, através de livros, com ideias editadas e formais.

Quando digo "pensadores", falo sobre os caras que acordam todos os dias e, mesmo se houver alguma dificuldade, apostam no que acreditam. Apostam na Metafísica, na Linguagem, na Política, na Lógica, na Estética, na Ética. Apostam, dos estudos mais antigos aos nossos contemporâneos. Apostam que "perguntas movem o mundo" e a partir desta prerrogativa, seguem seus estudos e acordam novamente, pela loucura ou pela sanidade.

Talvez devêssemos mudar a pergunta "O que é Filosofia?" para a afirmativa "Filosofia é!", e acredito que muitos dos meus colegas de curso concordarão comigo, pois se ela não fosse, aqui não estaríamos, pensando nela, tentando sê-la também, de alguma forma.

Algumas pessoas simplesmente não estão prontos para um debate. Não querem falar ou, se falam, xingam, ofendem, trocam farpas.

Somos, sim, "meros" estudantes de Filosofia. Mas nós estamos em constante mudança. Será que estamos certos ou errados? Como eu disse no começo, não sei!
Mas com todos os meus "achismos", tenho consciência de que se vejo erros demais no mundo, talvez EU esteja errada. É só pensar!

Não sei se esse é um texto filosófico. Não refutei nenhuma tese, não apresentei nada de novo aqui. Não vou enviar esse trabalho para a "Anpof" (o que desejo MUITO fazer, um dia) ou ganhar um prêmio com ele.

Só escrevi, pois eu tinha muito à dizer. Resumi nessas linhas.

Abraços aos meus colegas de turma, de curso, professores, coordenadores, Diretório. Esse texto é para TODOS AQUELES QUE FAZEM VALER A PENA!

Sem muita noção,
Paula Bruce

domingo, 20 de novembro de 2011

Letter to an Old Friend

Dear world,
I've been thinking about you.
I know I screw up our relationships and I know it's not easy for us both being together.
I tried to tell you before, but it's like if we wouldn't get through our issues and everything would fall apart in a blink.
I can see that you've changed, so have I. That's not the main problem.
The main prolem is that we've changed, but not for good, but for bad.
We used to have this innocence in our eyes and we could fight the good fight cause... We were there for each other.
Now, what was beatiful once, seems like a great mistake.
I found myself thinking in leave you, but you're still feels like home, even though I know we don't find it on me anymore.
This is about loving you.
This is about me not being able to let you go.
So, what's left for us?
Maybe keep trying.
Maybe keep saying that the dream is not over.
Maybe it's about letting this feeling go.
Maybe it's this huge maybe, that'll remain forever.
Maybe...

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Shelter from the Storm

Sem luz para ser visto e sem crédito para ser acalmado. Meras palavras doem num profundo afago. O suspiro que cala a dor que no peito sente. Sabia que era o mal que o fazia descrente. Estava munido de palavras e alguns trocados. Mas não sabia que seu corpo não seria de paixões poupado. Pelos bares que girou nesse mundo, não houve um poeta de ego tão profundo. Brilhantes eram suas letras, mas não sua visão. Andava torto feito peixe e fustigado para não parar. Sem melodias poéticas, o homem tinha era medo de amar. Dentro de um sonho reluzente, ainda vivia a chorar. Queria muito mais que o presente, mas um futuro para se consolar. Devido ao calor que sentia, o frio o incomodava. Tinha vinte e três anos e queria viver sua estrada. Longe, perto. Lá longe, mas tão perto. Era o guri, o piá, o moleque, o cara, o menino, o homem, o moço, o velho. Ele tinha sessenta anos e sabia viver. Cantava caras estranhos para o mundo e outros que nem sabia o porquê. Tinha seu próprio som, no auge dos seus trinta anos. Não tinha endereço ou vontade própria, mas um coração bem cigano. Queria conhecer o mar, e nem sabia nadar! Se perdeu por estradas sinuosas, que portavam vivência. De todas as formas e tipos, dotadas de certa carência. Era o menino que jogava gude e brincava de pião. Toda sua existência, agora, se resumia em solidão. Tinha dez anos e chorava pela sua mãe. Se perdeu pelo mundo e agora não sabe mais se quer achar. Não sabe o que achar. Não sabe porque achar. Era o jovem, vinte e cinco anos. Voltara para sua terra natal. Hoje é advogado e suas tristezas foram deixadas de lado. Ou assim ele quis. Ou assim ele diz. Ou assim têm dito...

domingo, 29 de maio de 2011

Amor e Outras Drogas

Querer-te a cada instante

Assim meus dias são consumidos

Pelas tristezas ou alegrias que me trazes

Não seria somente mais uma dessas loucas fases?


Contemplar o que está além do que outrora imaginávamos

Mesmo que seja por um momento

Ah, que desalento!

E que formas de loucura tu conhecestes, além desta, a de amar?


Já não me importa mais o que pensas de mim

Se desvairada ou imaculada

Não me faz diferença

Isso o que pensas


E mesmo que venças ou não

Quem não aprecia o sabor de uma nova ilusão?

Por mais corrosiva que seja

O que importa é se acalenta o coração


Desta forma, aqui deixo claro, a plenos pulmões

O quanto sinto

O quanto minto

O quanto o quero


Sem delongas, é preciso terminar

Mas uma voz que ama não se pode calar

Que venha o sol ou a lua

Afinal, serei tua.



*Há muito tempo (anos) não escrevo poesia. Era o que eu gostava e parece que nada o que eu fazia era mais meu. Espero que esses versos tenham te tocado. =)

quarta-feira, 16 de março de 2011

"É melhor ser temido que amado?"

Se sou eu?

Decidindo-se entre o bem e o mal, entre o amor e o temor.
Seria mais viável tornar-se um líder amistoso, colega valoroso ou um pulso forte e enérgico?

Na ciranda do nosso dia-a-dia, o melhor é brincar de não-saber-o-quê e fingir que o caos não está chegando.

Comportar-se como lá fora querem ou como aqui dentro pedem?

Melhor confrontar seus próprios demônios ou fugir deles? Não, eles não vão à lugar algum!

Ser genial ou fingir que não liga para o que sua razão grita?

Abraçar o que nos chama mais atenção ou aquilo que realmente é necessário?

Tornar sua voz ativa ou remedar aqueles que a faz?

Não... Nada disso levará minha mente à lugar algum. É necessário somente a caminhada, não os passos. Parece que é assim. Certo? Errado? Parece. Que nada mais importa a não ser o que não quero.

Nada mais...

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

O Prazer que não Merecemos e a Dúvida

O mundo é tão perfeito quando abrimos nossos olhos para ele.
Mas e se os fecharmos?
Bom, até aonde eu sei, não escrevo nenhuma novidade. Será que podemos fazer alguma coisa acontecer ou o acaso que segura nossas rédeas?
O que nos auxilia viver? Por objetivos? Óbvio demais! Um cataclisma metafísico invasor de nossas vidas e mentes? Auxilia! Mas o que nos faz acordar todas as manhães para tentarmos novamente? Família? O homem ou mulher o (a) qual queremos e desejamos?
Estive numa cachoeira no último fim de semana. Amigas e eu. Enquanto pensavam no bronzeado, eu me perguntava: "Como podemos ser tão fúteis e tão abençoados? O que fizemos para merecer tudo, essa vida?"
Meus caros, desculpe desapontá-los, a essa altura do campeonato, mas não cheguei à conclusão alguma! Só à essa, que somos fúteis e ingratos. E muito, mas muito abençoados!
Não há emoção que descreva a vida. Nem palavras.
Merecemos, talvez, um pouco desse prazer de viver. se fecharmos nossos olhos, veremos o perfeito. Mas s o mantivermos abertos, veremos tudo! Mesmo a dor faz parte do prazer. Prazer que não passa, que é imediato, irremediável. De cara posso vos dier que o que nos resta é a esperança- de forma latente, que nos guia por todos os cantos.
O amanhã vira (ou não).
Pensando melhor o que nos resta é a dúvida!
"Vamos viver tudo o que há pra viver. Vamos nos permitir!"

Paula de A. Bruce, estudante de Filosofia na UFRRJ e não tem ideia do porque merece apreciar tanto essa vida!

sábado, 15 de janeiro de 2011

Sobre Helena

Sobre Helena

Sem sono, ela acendu um cigarro e encarava, de sua sacada, a cidade lá embaixo. Por ser nobre não encarava os casaizinhos que namoravam sob a luz da lua cheia. A abóbada estava etrelada e isso a deixava pensativa. Nada tirava sua atenção senão seus pensamentos.

Ela sentia a dor de estar sozinha, mesmo acompanhada. O homem estirado em sua cama- ela mal o conhecia, somente sabia sua profissão e nome.- Ele virava para lá, para cá. Sono profundo.

Seus cabelos longos caíam sobre seus ombros nús, seu roupão jpgado sobre seus braços explicitava suas formas. Nada parecia importar. nada, mas tudo.

Ela acende outro cigarro e o dia parece estar clareando. Mas tudo ainda era escuridão, como a dor de estar só.
Tudo o que ela queria eram abraços. Tudo o que ela queria era poder retornar segura para o lugar aonde ela nunca esteve. Ela queria amar ser amada.

Esse era o fim do começo de sua vida. Ela premeditava algo. Muito bom ou ruim. Não. Não sabia. Algo, nada a mais.