terça-feira, 25 de outubro de 2011

Shelter from the Storm

Sem luz para ser visto e sem crédito para ser acalmado. Meras palavras doem num profundo afago. O suspiro que cala a dor que no peito sente. Sabia que era o mal que o fazia descrente. Estava munido de palavras e alguns trocados. Mas não sabia que seu corpo não seria de paixões poupado. Pelos bares que girou nesse mundo, não houve um poeta de ego tão profundo. Brilhantes eram suas letras, mas não sua visão. Andava torto feito peixe e fustigado para não parar. Sem melodias poéticas, o homem tinha era medo de amar. Dentro de um sonho reluzente, ainda vivia a chorar. Queria muito mais que o presente, mas um futuro para se consolar. Devido ao calor que sentia, o frio o incomodava. Tinha vinte e três anos e queria viver sua estrada. Longe, perto. Lá longe, mas tão perto. Era o guri, o piá, o moleque, o cara, o menino, o homem, o moço, o velho. Ele tinha sessenta anos e sabia viver. Cantava caras estranhos para o mundo e outros que nem sabia o porquê. Tinha seu próprio som, no auge dos seus trinta anos. Não tinha endereço ou vontade própria, mas um coração bem cigano. Queria conhecer o mar, e nem sabia nadar! Se perdeu por estradas sinuosas, que portavam vivência. De todas as formas e tipos, dotadas de certa carência. Era o menino que jogava gude e brincava de pião. Toda sua existência, agora, se resumia em solidão. Tinha dez anos e chorava pela sua mãe. Se perdeu pelo mundo e agora não sabe mais se quer achar. Não sabe o que achar. Não sabe porque achar. Era o jovem, vinte e cinco anos. Voltara para sua terra natal. Hoje é advogado e suas tristezas foram deixadas de lado. Ou assim ele quis. Ou assim ele diz. Ou assim têm dito...