terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

A Epilepsia e Eu: Idas e Vindas

   Não sabem a origem, não têm cura imediata, é uma bomba- relógio. As pessoas que estão em volta se assustam, os que a tem, no começo, se sentem desconfortáveis. Mas ao passar do tempo a epilepsia vira companheira. A minha começou quando eu tinha 18 anos. Não muito nova. Era saudável, comia direito, não bebia, não fumava, não era nervosa, praticava exercícios, nem faculdade eu fazia ainda. E, mesmo assim, sem estresse, sem preocupações que poderiam desencadear em crises nervosas, estava eu, no chão, na frente do meu pai. 
   O primeiro ano foi desgastante. Eu chorava escondida e dizia para toda a minha família que eu estava bem. Passei por três médicos. Não funcionaram. Eles dedicavam seus horários, comigo, fazendo as mesmas perguntas. E nada era resolvido. E mais uma crise. E médicos, exames, remédios. Mais uma crise epilética.
   Eu comecei a dar aulas de inglês em uma escola, assim que acabou o primeiro ano, tão dolorido ano. Nesse novo ano, sob o efeito de vários drogas controladas, passei no vestibular e quando vi os resultados, caí de pijamas e cara no chão, na frente do meu computador. É, não me diverti recebendo os resultados do ENEM, mas fiquei tranquila, pois sabia que diversão mesmo estaria nos próximos quatro anos, na UFRRJ (Filosofia 2010/1!).
   Faculdade nova, pessoas novas, vida nova. Eu queria esconder, mas não consegui por muito tempo. Tive uma crise no segundo mês do meu primeiro período. Mas tive amigos lá, que me ajudaram. 
   A vida seguia conturbada e os anti-depressivos não pareciam ser lá grande coisa. Mas encontrei um bom médico. Dr. Luciano Manoel. Refazer todos os exames, suspender uns remédios e tomar outros... Era só o começo, mas eu já podia sentir mudanças. 
   Um ano sem crises. Voltei a essas na porta da minha casa (uma casinha que eu alugava, perto da faculdade), num dia sob pressão. Uma prova. já estava no terceiro período.
   E essa foi minha última crise, hoje estou no quinto período da faculdade. Ainda tenho tremores (crises parciais simples), alguns quase me fazem perder o controle. Meu sono não é muito bem controlado e os remédios não fazem grande bem para a pele e para os cabelos. Mas estudo, trabalho, nado, corro, namoro, tenho grandes amigos, vivo! 
   Não posso vence-la, vou me juntar a ela, oras!

Paula Bruce
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